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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Como funciona o cio das gatas?



Por se achar que são semelhantes às cadelas, muitos proprietários são pegos de surpresa quando suas gatas, ainda jovens, cruzam e geram vários filhotes. 
Essa gravidez não planejada contribui, infelizmente, com o aumento de gatinhos abandonados.




O objetivo deste artigo é informar o proprietário de gatas como funciona o cio com o objetivo de evitar-se gestações indesejadas. Não vamos dar dicas e nem orientações a respeito do manejo a ser tomado para cruzar suas gatas.
Somos totalmente a favor da adoção de gatinhos abandonados!
        
        Então voltando às gatas:

A gata não é igual à cadela que entra no cio a cada 6 meses e tem sangramento nesse periodo.
A gata NÃO sangra e tem VÁRIOS cios no decorrer do ano!

Vamos explicar melhor:

A fisiologia da reprodução das gatas possui características particulares sendo consideradas poliestricas sazonais, o que significa que apresentam vários cios em determinada época do ano. 
A frequência destes cios é determinada pela temperatura e período de luminosidade do dia, sendo mais frequentes em épocas mais quentes de dias mais longos. O intervalo entre os cios, nesse período, varia de 12 a 21 dias e fora deste período pode ter intervalos de ate 3 meses. 
A puberdade, onde acontece o primeiro cio, ocorre entre os 6 a 12 meses geralmente quando a gata atinge 80% do seu peso quando adulta. 


  As fases do ciclo das gatas são identificadas pelo comportamento não havendo o sangramento e edema de vulva característico das cadelas.
O comportamento da gata quando vão entrar no cio é de rolar no chão, se esfregar em objetos e pessoas e intensa vocalização. Neste período, que pode durar ate dois dias, ela deixa o gato montar mas ainda não permite a copula.


Após esse período que dura em media 7 dias, no cio em si quando a gata permite a copula, ela manifesta uma posição de lordose, com a cauda lateralizada e faz movimentos de pedalagem.
 

Nesta ocasião, quando ocorre o estimulo do pênis na vagina da gata, há liberação de hormônios responsáveis pela ovulação ou seja, a gata somente ovula quando acontece a cruza. Apenas uma copula pode não ser o suficiente para induzir a gata a ovular e haver fecundação. Caso haja ovulação a gata pode estar prenhe, cuja gestação dura em media 63 dias ou entrar em pseudogestação tendo um novo cio após 1 mês.

Alguns proprietários de gatas induzem essa ovulação artificialmente utilizando hormônios ou mecanicamente com “swabs” para evitar o comportamento e a vocalização característica nesse período, entretanto, ao fazer isso, o organismo da gata se prepara para uma gestação que não acontece predispondo ao desenvolvimento de hiperplasia endometrial cística e a piometra. Portanto, caso não seja de seu interesse cruzar sua gata, o ideal mesmo é que se realize a castração logo após terminado o esquema de vacinação.

E os anticoncepcionais?
NÃO USE!
O uso de hormônios pode gerar efeitos colaterais como inquietação, salivação, vomito, diarreia, perda de apetite, carcinoma mamário (fig 1), diabetes, hiperplasia adenomatosa (aumento das glândulas mamarias)(fig 2), piometra (infecção uterina) e ate rompimento do útero.
O uso destes anticoncepcionais 10 dias após o cruzamento pode causar ma formações no feto, mumificação e piometra ou o induzir ao aborto.
É valido lembrar que no caso de hiperplasias e piometra, o tratamento é a castração, entretanto com complicações fisiológicas. Se for para castrar, é melhor castrar enquanto o animal esta saudavel!
Figura 2: Hiperplasia mamaria
 
Figura 1: Adenocarcinoma mamario em gata


As informações contidas neste artigo são apenas para esclarecimento do proprietário não substituindo de modo algum o exame clinico veterinário; Caso detecte algum destes sinais em seu gato não hesite em consultá-lo.
Nós da Clinica Veterinária Gato é gente Boa somos especialistas no atendimento de gatos e estamos a disposição para o esclarecimento de dúvidas.


Por: Dra. Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Médica Veterinária Especializada em Gatos.
Clinica Veterinária Gato é Gente Boa  (Itu/ SP) 
Fonte:
Norsworthy,G. D.; Crystal,M. A.; Grace, S. F.; Tilley, L.P.; The Feline Patient, 4th Edition.
Maia, A.A.S.; Costa, F.V.A.; Medvep- Revista cientifica de medicina veterinaria- pequenos animais e animais de estimação; v 8, n 25, p 270-277, 2010.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Asma felina



Também conhecida como bronquite alérgica felina, é uma doença decorrente da inflamação crônica e persistente das vias aéreas dos gatos. 

A causa muitas vezes é desconhecida mas acredita-se que essa inflamação seja decorrente de antígenos ou alérgenos (acaro, poeira, fumaça, etc.) que estimulam a resposta imune do animal. Isso causa alteração no parênquima respiratório, como por exemplo proliferação do epitélio das vias aéreas e hiperplasia das glândulas produtoras de muco, ou seja há uma diminuição do diâmetro das vias aéreas e obstrução pela produção maior de secreção, resultando em dificuldade na respiração.

Os animais afetados são de jovens a meia idade e, geralmente no momento do diagnóstico, apresentam boa saúde. Os siameses e seus descendentes são os mais susceptíveis a desenvolverem asma.

E quem são os mestiços de siameses?
Os animais mais comuns na nossa rotina:
Os "negrinhos e frajolinhas".

Os sinais clínicos da asma são tosse crônica, ruídos e respiração forçada principalmente na expiração, quadro característico das doenças pulmonares obstrutivas . As vezes os gatos tem engasgos que pode ser confundido pelos proprietários como engasgos por bolas de  pêlos ou corpo estranho. 
Diferente do cão, gatos cardiopatas não tossem!  Essa dificuldade em respirar leva os gatos a ficarem em uma posição característica com o pescoço esticado e boca aberta para facilitar a entrada de ar.

Para diagnosticar um gato com asma, antes devem ser descartados outras causas de tosse e ronquidão como por exemplo as pneumonias que podem ter diversas causas com diferentes tratamentos. Exames laboratoriais geralmente são necessários.

Radiografia torácica também auxilia no diagnóstico e, em casos mais complicados, broncoscopia e lavagem brônquica para cultura também pode ser realizada.

A asma é uma doença crônica pode se tornar  grave levando o animal a morte por falta de oxigenação. Animais em crise devem ser tratados como urgência. Apesar de não ter cura definitiva consegue-se um bom controle da afecção.
Além disso os animais podem adquirir infecções secundarias levando a piora clinica do animal.

O tratamento é baseado na causa e controle dos sinais clínicos com o uso de antiinflamatórios, broncodilatadores e até mesmo antibióticos se houverem complicações. O tratamento sempre deverá ser prescrito e acompanhado por um médico veterinário, pois os fármacos comumente usados na asma felina nunca devem ser retirados abruptamente tendo-se que respeitar uma desmama de tais medicações.




Animais com asma de causa alérgica que não pode ser identificada e necessitam do uso de medicação contínua poder usufruir do uso de bombinhas inalatórias, que apresentam ótimo efeito sem complicações colaterais. Hoje, na clínica, temos diversos pacientes que fazem o uso da bombinha de inalação. O proprietário pode achar que vai ser impossível usá-la mas a maioria dos animais se adaptam devido a rápida melhora da respiração.

Portanto se você tem um gatinho que se engasga e espirra frequentemente procure um médico veterinário para acompanhamento e prevenção desde já, evitando-se complicações e tendo suporte imediato em casos de urgência.

As informações contidas neste artigo são apenas para esclarecimento do proprietário não substituindo de modo algum o exame clinico veterinário; Caso detecte algum destes sinais em seu gato não hesite em consultá-lo.
Nós da Clinica Veterinária Gato é Gente Boa somos especialistas no atendimento de gatos e estamos a disposição para o esclarecimento de dúvidas.


Por: Dra. Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Médica Veterinária Especializada em Gatos.
Clinica Veterinária Gato é Gente Boa  (Itu/ SP) 



Fonte: August, J.R; in: Consultations in Feline Internal Medicine. Cap 39.; pag.361 - 367.(2006)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Acne Felino: você sabia que existia?



   Em muitos atendimentos de gatos, mesmo de rotina ou somente para vacinação me deparo com uma questão muito curiosa em que o proprietário me pergunta: “ O que são esses pontinhos pretos no queixo do meu gato? “

Na maioria das vezes são fezes de pulgas, mas venho observando uma condição muito mais comum do que imaginávamos:
O acne felino: o que vem a ser?

O acne é primariamente um problema de oleosidade em áreas do corpo ricas em glândulas sebáceas (mais comumente nos lábios, queixos, base da cauda) resultantes da formação de comedos que muitas vezes passam despercebidos e sem causar danos,  mas que também podem levar a uma infecção grave levando a sinais mais severos.

As lesões podem ser semelhantes a sarna, malasseziose (dermatite causada por leveduras), piodermite bacteriana ou mesmo dermatofitose, por isso é importante detectar as lesões precocemente para se descartar ou tratar o quanto antes um problema de pele.

O diagnóstico é baseado no exame clinico e exclusão de outras possíveis dermatopatias onde pode ser necessária a coleta de material para análise em laboratório e até mesmo realização de biópsia, que deve ser colhida sob tranquilização ou anestesia local por um medico veterinário.

O tratamento é baseado no uso de anti sépticos locais e antibioticoterapia dependendo da gravidade, local e extensão das lesões. O uso de qualquer medicamento deve ser feito com acompanhamento veterinário, pois podem haver reações adversas aos fármacos utilizados piorando ainda mais a lesão.
Lesoes crônicas podem não responder satisfatoriamente ao tratamento devido a formação de cicatriz nos folículos, podendo levar a alteração na estética facial do animal.

O acne não apresenta pre disposição, onde machos e femeas, jovens ou adultos de qualquer raça pode desenvolver as lesões.

As informações contidas neste artigo são apenas para esclarecimento do proprietário não substituindo de modo algum o exame clinico veterinário; Caso detecte algum destes sinais em seu gato não hesite em consultá-lo.
Nós da Clinica Veterinária Bicho é Gente Boa somos especialistas no atendimento de gatos e estamos a disposição para o esclarecimento de dúvidas.

Por: Dra Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Clinica Veterinária Bicho é Gente Boa!


Fonte: Guaguere, E.; Prelaud, P. in: A Practical guide to feline dermatology. Cap 6.; pag.6.4 .- 6.6.(1999)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Dermatofitose: micoses superficiais em gatos


Dermatofitose: micoses superficiais em gatos

São as doenças de pele mais comum nos felinos. Causadas por fungos que invadem as camadas córneas da pele e alimentam-se de tecidos queratinizados da pele, pelos e unhas.
Essa doença pode ser transmitida a outros animais e inclusive ao homem.

O agente causador mais frequentemente encontrado no gato é o Microsporum canis, mas também podem ser isolados o Trichophyton mentagrophytes e o Microsporum gypseum. Animais de qualquer idade podem desenvolver a doença.

O Microsporum não faz parte da flora normal da pele do gato, portanto uma vez encontrado no animal, significa que o gato está com a doença ativa ou na forma de portador. Mesmo um gato somente no estado de portador já é capaz de contaminar outros animais e o ambiente, por isso a necessidade de tratamento em ambas as formas.
 
Os gatos se contaminam em contato com animais doentes ou portadores ou em ambiente contaminado. É muito importante atentar-se para utensílios utilizados em pet shops como pentes, escovas, rasqueadeiras e toalhas, pois esta é uma forma muito comum de contaminação.

Entretanto, nem todo gato em contato com o agente irá desenvolver a doença, devido a diversos fatores entre eles:

 O próprio ato de se higienizar do gato o protege do agente, porque ele remove mecanicamente os esporos do fungo dos pêlos e isso explica o porque dos gatos de pêlos longos apresentarem a doença com maior frequência que os animais de pêlo curto, pois aqueles não conseguem se higienizar tão bem quanto estes. Curiosamente os filhotes apresentam a doença logo após o desmame, onde a gata diminui a frequência de higienização dos filhotes.

Escoriações, feridas e inclusive microtraumas por picadas de pulgas também podem facilitar a penetração do agente na pele dos gatos mas o fungo tem uma dificuldade maior para se desenvolver em pele inflamada.

Banhos também pré dispõem o gato a desenvolver micose, pois removem as barreiras naturais da pelee deixam a pele mais úmida que, aliada a temperatura corpórea do gato, cria ambiente propício ao crescimento do agente além de provocar estresse nesses animais o que leva a imunossupressão e queda na resposta imune, fator de extrema importância na proteção contra dermatofitose.

Os sinais clíncos são variáveis; Geralmente as lesões são descamativas e circulares com pêlos quebradiços, podendo ou não haver prurido e inflamação. As lesões podem ser localizadas ou generalizadas.

O Diagnóstico baseia-se no histórico clinico, observação direta das lesões e realização de exames específicos.

O tratamento somente deverá ser prescrito  unicamente pelo médico veterinário, pois existem tratamentos diferentes para cada caso. Antifungicos por via oral podem ser necessáriospor até 6 Meses dependendo do grau da infecção e podem levar a sérios problemas hepáticos devendo portanto ser acompanhado pelo veterinário e realizados exames de sangue periódicos. 

Somente banhos ou pomadas podem não ser suficientes e, no caso de banhos, piorar as lesões.

Apesar de animais saudáveis apresentarem remissão espontânea da doença o tratamento, em diferentes graus, sempre deve ser instituído devido a alta contagiosidade de doença.

As informações contidas neste artigo são apenas para esclarecimento do proprietário não substituindo de modo algum o exame clínico veterinário; Caso detecte algum destes sinais em seu gato não hesite em consultá-lo.
Nós da Clinica Veterinária Bicho é Gente Boa somos especialistas no atendimento de gatos e estamos a disposição para o esclarecimento de dúvidas.

 
Por: Dra Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Clinica Veterinária Bicho é Gente Boa!


Fonte: Guaguere, E.; Prelaud, P. in: A Practical guide to feline dermatology. Cap 4.; pag.4.1 .- 4.11.(1999)