Se uma pessoa, ao ficar perto de um gato, tem seus olhos inchados, lacrimejando, sente coceira no nariz ou o mesmo fica congestionado, apresenta tosse e crises de espirros é importante esclarecer que ao contrário do que se diz por ai, a alergia não é bem ao pêlo do gato.
O gato apresenta uma proteína na saliva e nas glândulas sebáceas chamada Fel D 1 que é o grande vilão da história. Devido ao rigoroso hábito de higiene dos felinos estes, ao se lamberem, vão depositando essa substância nos pêlos e pele e, dependendo da quantidade desta, vir a desencadear reações de hipersensibilidade a uma pessoa alérgica. Vale lembrar que as reações vão depender da sensibilidade do individuo e da quantidade de alérgicos no animal e/ou ambiente.
É evidente que se pegarmos no colo um gato de pêlos longos como os persas e esses pêlos tiverem contato direto com o nosso nariz, mesmo uma pessoa não alérgica, vai se incomodar pelo fato do pêlo agir como um corpo estranho nas nossas vias aéreas. E qualquer coisa no nariz incomoda mesmo.
Dependendo do grau de alergia do proprietário do animal associado a medidas de higiene e manejo, uma pessoa alérgica pode sim conviver pacificamente com seu amigo bichano.
Uma vez que o problema está no acúmulo desta substância nos pêlos e pele do animal, para minimizar o problema, devemos banhá-los com uma maior freqüência para removê-la. Mas muito cuidado! Como gatos NÃO SÃO CÃES pequenos, alguns cuidados devem ser tomados na hora de banhar o seu felino. Procure um médico veterinário especializado para lhe esclarecer quanto a freqüência de banhos, os produtos a serem utilizados e outras orientações para diminuir os alérgenos nos pêlos bem como minimizar o estresse do banho nos felinos.
Vale lembrar que um xampu mal utilizado pode, além de trazer sérios problemas dermatológicos ao animal, fazer com que ele se coce ou se lamba com maior freqüência levando a maior queda de pêlos e descamação de pele exacerbando o problema.
Um bom manejo dentro de casa também deve ser seguido. Quem possui gatos também deve possuir um aspirador de pó! Nós, amantes de felinos, sabemos que é difícil manter um ambiente totalmente sem pêlos somente com vassoura e panos.
Como os gatos gostam de dormir em sofás, poltronas e camas, todos estes locais devem ser aspirados. Esses hábitos provavelmente já são de rotina em uma residência onde existam pessoas alérgicas uma vez que o problema esta também no acumulo de pó, ácaros e inúmeros outros alérgenos que contribuem para piora do quadro alérgico do proprietário e não somente o gatinho!
Existem varias medidas a serem tomadas para reduzir as alergias sem precisar se desfazer do seu gatinho, como evitar que o mesmo tenha acesso ao quarto bem como camas ou sofás. Da mesma forma, deve-se evitar qualquer móvel, cortinas, almofadas, tapetes e carpetes onde possa se acumular, não só pêlos, mas qualquer sujidade do ambiente.
É importante que antes de adquirir um gatinho, assim como qualquer animal de estimação, ter em mente de que um animalzinho é responsabilidade para a vida toda. Portanto é recomendável verificar se existem pessoas alérgicas em casa, ter contato com outros gatos e visitar a casa de alguém que tenha gatos para ver antes, se o bichinho não vai se tornar um problema. Abandonar um animal é crime e jamais deveria ser cogitado!
Está provado que conviver com um animal de estimação traz inúmeros benefícios a nossa saúde, seja pelo simples fato da satisfação de sua companhia após um dia estressante. Para as crianças, as convivências com um animal de estimação tornam-nas responsáveis e ensinam-nas a respeitar um outro ser sensível que sente dor e prazer. Acariciar um pêlo macio de um gato e ouvir o seu ronronar de satisfação produz um relaxamento único e uma paz infinita.
E para finalizar uma curiosidade: Embora pouco conhecidas em nosso país, existem algumas raças de gatos que não produzem este alérgeno. Gatos hipoalergênicos já foram produzidos geneticamente e são inclusive comercializados na America do Norte. A engenharia genética isolou destes animais o gene responsável pela produção desta proteína. Os gatos não são exatamente transgênicos e com ou sem a proteína Fel D 1, causando alergias ou não, o importante é que os gatos continuem sendo gatos!
Os gatinhos necessitam do dobro de energia e nutrientes que um gato adulto. Mesmo que seu gatinho aos 6 meses aparente ter crescido totalmente isso não significa que seu desenvolvimento tenha se completado.
Devido a pequena boca, dentes e estomago, ingerem uma menor quantidade de alimento por vez o que os leva a fazer diversas pequenas porções ao longo do dia. Além disso e dieta deve ser específica para a espécie felina, de acordo com a fase de crescimento e as vezes até raça dos gatos.
Gatos são carnívoros estritos, ou seja, o organismo necessita de aminoácidos encontrados somente em proteínas de origem animal.
Vamos falar um pouco dessas necessidades especificas:
Ácidos Graxos:
São os principais constituintes das gorduras. O fígado e outros tecidos podem sintetizar os ácidos graxos necessários ao metabolismo celular, entretanto existem 2 ácidos graxos não sintetizados pelo gato que são o ácido linoléico e o ácido araquidônico. Estes somente são encontrados nos tecidos animais, portanto a necessidade de fonte de carne na dieta do gato. Uma carência em acido araquidônico acarreta distúrbios reprodutivos e de coagulação.
Aminoácidos:
Além dos nove aminoácidos necessários na alimentação dos animais, os gatos necessitam de mais dois em particular: A Arginina e a Taurina. Os aminoácidos são encontrados em fonte protéica de origem animal.
Arginina: Uma carência leva a alteração no ciclo da uréia, levando ao acúmulo desta no sangue e sérias conseqüências que podem chegar até a morte.
Taurina: está envolvida em múltiplas funções no organismo como visão, reprodução, formação de ácidos biliares e contração cardíaca, além de sua ação antioxidante. A síntese deste aa pelos gatos é insuficiente para cobrir sua necessidades fisiológicas. Uma carência em taurina pode levar o gato a cegueira e insuficiência cardíaca.
Vitamina A :Gatos não convertem o beta-caroteno, presente nas plantas, em vitamina A, necessitando dela pré-formada em sua dieta. Na prática, significa que cenoura cozida, para gatos, não tem valor nutritivo!
Niacina:Gatos não convertem o aminoácido triptofano em niacina, uma vitamina do complexo B. Suas necessidades de niacina são 4 vezes maiores que a dos cães. Sua deficiência causa perda de peso e apetite e úlceras na cavidade oral e língua.
O que não oferecer a seu gatinho:
Alimentos para cães nunca! E evitar alimentos humanos e sobras, porque ao oferecer sobras durante as refeições familiares, estará se habituando o animal a solicitar e roubar alimentos da mesa.
Para se ter uma idéia, por exemplo, o leite de vaca não pode ser totalmente digerido pelo gato o que pode levar a diarréia e em casos mais graves inflamação intestinal.
Chocolate pode ser toxico para os animais
Cebolas contém agentes oxidantes que causam danos a hemácias dos felinos e levam a anemia podendo causar morte. E por ai adiante...
Quando passar para alimento de adulto?
Em média um gato se torna adulto aos 12 meses de vida. A troca da ração deve ser feita de forma gradual. Não se deve variar a alimentação do gato. Eles devem, de preferência, comer sempre da mesma ração. O que pode ser suplementado na dieta do gato são os alimentos úmidos, que é uma fonte de água para os gatos.
Ao chegar em casa:
Seu gatinho precisara de alguns itens indispensáveis como:
·Um lugar onde ele se sinta seguro para dormir, com uma caminha, cobertor ou até mesmo uma caixinha de papelão. Os gatos gostam de se esconderem e de lugares altos.
·Potes de água e ração. É importante que a água esteja sempre fresca. Os gatos em geral gostam de vasilhas de água grandes e não costumam dividir as vasilhas com cães. Outros gatinhos costumam beber água da torneira. Neste caso indica-se adquirir um bebedouro em forma de fonte para esses gatinho para preveni-los de problemas renais futuros.
·Caixa de areia: existem vários tipos de areias, descubra qual o seu gatinho se adapta melhor e mantenha-a sempre limpa.
·Brinquedos, assim como crianças, ofereça brinquedos específicos para gatos para evitar acidentes. Não de bolas de lã ou qualquer brinquedo que tenha fios, linhas e barbantes o qual o animal possa engolir.
·Caixa de transporte: Indispensável; é muito arriscado sair com seu gatinho solto dentro do carro ou ir ate um veterinário carregando-o somente no colo. Alguns gatinhos não gostam de sair de casa e ficam apavorados, podendo causar acidentes.
·Rasqueadeiras, no caso de gatinhos de pêlo longo. Gatos não gostam de banho então, escovando-os freqüentemente, diminui-se a necessidade de banhar seu bichano.
·Arranhadores: para evitar que destruam a mobília. Existem arranhadores inclusive com tocas onde o animal pode se esconder, dormir, brincar ...
·Ração seca e úmida de acordo com a idade, estado de saúde e estilo de vida do animal.
·Identificação: seja por microchips, tatuagem (legível) ou mesmo placas de identificação. No caso das placas é muito importante que sejam usadas coleiras próprias para gatos, ou seja, feita totalmente em elástico ou com uma parte de elástico para evitar que o animal se enrosque e venha a se enforcar. Pergunte a seu veterinário qual é a melhor forma de identificar seu animal.
Apresentando o gatinho as crianças:
Diferentemente de um gato adulto, um gatinho não sabe como evitar as crianças quando não quer ser perturbado. Por isso explique as crianças que um gatinho não é brinquedo! São animais muito sensíveis e precisam de muitas horas de sono, portanto é absolutamente proibido acordar um gatinho para brincar. Um gato incomodado pode arranhar e morder as crianças. Respeite as horas do seu gatinho.
Ensine as crianças como segurar o gatinho de maneira correta, sem apertar e nem pegá-lo somente pelos membros, não puxar o rabo e tendo cuidado para não derrubá-los no chão. Além disso, gatos ao contrario dos cães quando mechem o rabo excessivamente é porque estão nervosos e não brincando assim como é aconselhável deixar o animal em paz caso, durante as brincadeiras ,ele coloquem as orelhas para traz e bufe .
Se for apresentar o gato a um cão, fique junto, segure o gato tomando muito cuidado com a unha e mostre ao cão que o gato é novo membro da família, os cães geralmente querem somente cheirar o novo animal. Não forcem esse encontro, é normal que o gatinho se arrepie todo e bufe para o cão, mas eles se entenderão desde que seja respeitado o espaço um do outro. Cuidado para que o cão não machuque o gatinho em brincadeiras e o gatinho não arranhe os olhos do cão.
Apresentando o gatinho para outro gato:
Coloque o novo gatinho em um quarto separado nos primeiros dias e lá deixe que ele se sinta protegido colocando a caixinha de transporte ou a caminha para ele se esconder. Os outros animais da casa sentirão o cheiro do novo gatinho neste período mesmo que somente por baixo da porta. Um gato adulto pode ficar bravo ao sentir o cheiro do novo animal; Durante esse período dê bastante atenção aos animais que já moravam em casa para evitar ciúmes e disputa por território. Aos poucos deixe o gatinho explorar a nova casa. Quando ele já se sentir a vontade ai já é hora de apresentá-lo aos novos gatos da casa. Gatos adultos podem estranhar filhotes, ficam bravos com eles nos primeiros dias, mas em geral acabam tolerando. Muitas vezes o novo gatinho tem mais energia para brincadeiras que um gato adulto e este pode não gostar de brincadeiras e fugir para dormir em outro lugar. Neste caso é melhor separar o gatinho do gato adulto para não aborrecer o animal que já estava em casa.
Supervisione o encontro, eles provavelmente se cheirarão, o gatinho poderá se arrepiar todo enquanto o gato mais velho após cheirar o filhote vai bufar para ele ou mesmo dar um tapa. Não castigue o gato, ele esta mostrando ao novo morador quem é que manda, enquanto isso separe os animais novamente e aos poucos vá deixando eles se encontrarem.
É muito importante que cada gato tenha seu pote de comida, de água, sua cama e sua caixa de areia. Mesmo que compartilhem os acessórios é muito importante que no inicio cada um tenha o seu para evitar disputas.
Outro fato importante é respeitar o território de cada um, por exemplo se o seu gato gosta de deitar no sofá, não deixe que o recém chegado deite nele, gatos são territorialistas e odeiam dividir espaço com outro animal mesmo que sendo outro gato!
Não force o encontro entre os gatos, solte o gatinho aos poucos pela casa, deixe que ele reconheça o território e que o outro gato va se acostumando a ele, mas sempre sob sua supervisão.
Caso o novo gato apresente problemas de comportamento, procure orientação de um medico veterinário para ajudá-lo.
Casa a prova de gatos:
A natureza curiosa e exploratória dos gatos pode ser perigosa para eles.
Atente-se a:
·Guardar medicamentos e produtos de limpeza em lugares fechados. Lembre-se que em cima do armário não resolve porque eles alcançam.
·Feche a tampa do vaso sanitário, não há nada mais interessante do que a água fresca da privada!
·Mantenha objetos que tenham fios, linhas e fibras fora do alcance do gatinho. Eles adoram brincar com isso, mas somente se você estiver por perto, do contrário eles podem engolir esses fios e terem obstrução intestinal com sérias conseqüências por isso.
·Cuidado com sacolas plásticas,
·Cuidado com as janelas seja para não caírem como para não fugirem para a rua. Caso seja necessário coloque mosquiteiros ou telas de proteção para crianças.
·Cuidado com as portas, eles passam por nossas pernas e nem percebemos.
·Nunca deixe seu gatinho lamber restos de latas, eles podem se ferir nas bordas.
·Coloque venenos para ratos e baratas em local fora do alcance dos gatos e evite que eles ingiram insetos mortos por inseticidas.
Alimente seu gatinho de preferência com alimento secos e úmidos especifico para a fase de vida em questão.
Incentive-o a beber bastante água
Lhe de atenção e muito carinho, um gato é tão companheiro quanto um cão.
Se vc nunca conviveu com um gato, após conviver, nunca mais ficara sem um!
“O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem."
Artur da Távola
Por Dra Vanessa Zimbres CRMV/SP 19.672 Médica Veterinaria especializada no atendimento de felinos Clinica Veterinaria Bicho é Gente Boa Itu/SP
Um problema marcante dos proprietários de gatos machos é a demarcação com urina que eles fazem pela casa. A urina do gato em especial, tem um odor amoniacal muito forte e desagradável ao olfato humano. Este odor e conseqüência da produção hormonal dos machos importante para a demarcação de território.
Os gatos são animais territorialistas, portanto estão sempre explorando novos espacos e se deparando com outros machos na mesma busca. Esses encontros quase sempre resultam em serias brigas. Além disso, enquanto o gato esta explorando novos ares ele esta sujeito aos riscos da vida urbana como atropelamentos, cães, pessoas... tudo devido instinto felino de liberdade.
Vale a pena lembrar que brigas entre gatos pode disseminar entre eles seríssimas doenças virais que ainda não tem tratamento, portanto o melhor ‘e evitar o contato do seu gato com gatinhos de rua.
Tudo bem! a castração não vai mudar totalmente o comportamento do seu gato mas vai deix’a-lo mais tranqüilo, pelo menos ele não vai brigar por territórios e nem ficar urinando pela casa!
A fonte de produção dos hormônios sexuais masculinos nos machos são os testículos, em número de dois que estão protegidos dentro da bolsa escrotal. Quando falamos em castração nos referimos na remoção dos testículos do gato macho com o intuito de retirar a fonte de produção dos hormônios sexuais, líquidos seminais e espermatozóides. A intenção da castração dos gatos e retirar a produção hormonal e conseqüentemente abolir o comportamento resultante deste estimulo e não o controle populacional, por isso que a vasectomia não ‘e indicada porque não retira a fonte hormonal.
Os gatos engordam depois de castrados? Na maioria das vezes sim, mas os proprietários podem evitar que aconteça.
O que acontece é que o metabolismo do animal sofre algumas alterações uma vez que são retiradas as fontes de hormônios sexuais, portanto devemos adequar a vida do animal a esse novo metabolismo. A principal forma é controlando a alimentação e oferecendo rações de acordo com o estilo de vida do animal. Hoje contamos no mercado com rações voltadas especificamente para gatos castrados que vivem dentro/ fora de casa; machos/fêmeas; jovens/adultos ou idosos, o proprietário é quem deve ter disciplina na hora de alimentar o animal e lembre-se: gato gordinho pode ate ser bonitinho mas não ‘e saudável!
A cirurgia de castração de um gato macho e relativamente simples, o pos cirúrgico ‘e rápido e não necessita de grandes cuidados. E pra finalizar, pesquisas indicam que gatos não castrados que vivem em cidades e tem acesso a rua vivem em media 3 a 5 anos e a maior causa de óbito destes animais são atropelamentos seguidos por envenenamentos, coisas que podem ser evitadas se o gatinho ficasse mais em casa! Pense nisso!
Por Dra Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Medica Veterinária com Especialização em Medicina Felina
Vamos falar sobre a vacinação em
gatos que, ao contrário do que muitos proprietários imaginam e as vezes por
falta de orientação até mesmo do médico veterinário, os gatos devem ser
vacinados não somente contra raiva mas também contra outras doenças mais comuns
que afetam os felinos. Vamos falar um pouco sobre essas doenças para se entender
melhor a importância da vacinação:
Doenças do complexo respiratório
felino:
É muito comum vermos gatinhos
resfriados e com conjutivite!
Pois é! Essas doenças são causadas por vírus, ou bactérias,
e podem ser amenizadas pela vacinação!
Essas doenças são a rinotraqueite,
calicivirose e clamidiose.
A Rinotraqueíteé uma doença causada pelo herpesvírus felino que, assim como no ser
humano, uma vez exposto ao agente (o Herpesvirus1) o individuo será sempre portador
da doença e assim qualquer fator de estresse que cause imunossupressão (baixa
da imunidade) poderá desencadear os sintomas da doença e a transmissão do
agente.
O herpesvirus 1 nesses
animais se instala nas mucosas nasal, traquéia e conjuntiva ocular; Portanto, a
transmissão se dá pelas secreções do animal doente.
As condições que podem
fazer com que a imunidade do animal caia são estresse fisiológico, como cio por
exemplo, infestação de parasitas como pulgas e verminoses e outras doenças concomitantes.
A doença tem um curso médio 2 a 4
semanas e os sinais clínicos são secreções nasais e oculares (Figura 1),
espirros, tosse e conjuntivite. Se não tratados podem evoluir para pneumonia secundária, necrose das vias aéreas e úlcera de córnea. A imunidade materna
dura pouco o que leva os filhotes doentes a uma alta taxa de mortalidade.
Figura 1 - Gato com secreçao nasal purulenta associada a doença do trato respiratorio superior felino.
A Caliciviroseé uma doença altamente contagiosa causada pelo Calicivírus felino. Apresenta,
além dos sinais clínicos semelhantes aos do herpes vírus, uma grave estomatite
(figura 2:1 e 2:2), aonde o animal
apresenta úlceras na boca e salivação. O vírus está ,nos animais
contaminados, presente nas mucosas oral, nasal, conjuntiva ocular e ainda nos pulmões
dependendo do seu sub tipo.
Observamos que, uma vez que o vírus está presente em vias aéreas e
olho, os sinais clínicos serão inflamação destes locais. Vale lembrar que um
tecido inflamado, seja ele em olho, pulmão, boca ou nariz vai ter alterações
que predispõe a infecções bacterianas secundárias oportunistas que complicam
ainda mais o quadro clinico do animal.
Figura 2:1 - Estomatite associada a calicivirose felina.
Notar as úlceras, glossite, palatite.
Figura 2:2 - Notar as severas ulceras em lingua.
AClamidioseé uma doença causada por uma bactéria: Chlamidophila felis , que também é uma Zoonose tendo portanto a capacidade de infectar seres
humanos. O agente desta doença está presente mucosa ocular, logo as secreções
oftálmicas estão contaminadas com este agente sendo a via de transmissão da
doença. Da mesma forma, os anticorpos maternos protegem pouco os filhotes.
Os sinais clínicos são, alem de sinais oftálmicos (secreção,
quemose e conjutivite, Figura 3) secreção nasal e espirros. Sinais que também
podem se complicar se não tratados.
Figura 3- Paciente com hiperemia conjuntival (vermelhidão), e quemose evidente indicativo de conjuntivite.
Panleucopenia felina:
Doença causada
pelo Parvovirus felino, semelhante a parvovirose dos cães (doença que em cães
causa diarréia com sangue). É uma doença que afeta o sistema neurológico de
gatos filhotes em decorrência da contaminação das fêmeas prenhes. Em filhotes
causa também diarreia, mas não hemorrágica devido a diferença da flora
intestinal de cães e gatos. Os animais doentes podem apresentar vômitos que
resultam em desidratação e dores abdominais. Dependendo da época da infecção da gata prenhe, pode haver aborto ou hipoplasia cerebelar dos filhotes, sendo
esta última o não desenvolvimento do cerebelo do animal, responsável pelo equilíbrio, e coordenação motora. Uma fêmea prenhe infectada pode não
apresentar nenhum sintoma da doença entretanto os tecidos fetais podem ser
comprometidos.
A trasmissão é alta e se dá por
animais e ambiente contaminados. O vírus é altamente resistente ao ambiente podendo sobreviver por 5 até 13 meses. A doença é grave
em filhotes e animais com imunidade comprometida. A imunidade materna dura ate
3 meses de idade, desde que o filhote tenha ingerido o colostro materno.
Leucemia viral felina:
Doença extremamente grave causada por um retrovírus felino. Devido a complexidade, e gravidade da doença, esse tema merece ser discutido em um post a parte.
Para resumir: o vírus pode se instalar na medula óssea e levar a um quadro
de leucemia ou ao desenvolvimento de linfoma, ambos resultando na morte do animal. Pode ser transmitida através de
contato continuo com gatos doentes, mordidas, transfusão de sangue e por via
intra uterina e leite da mãe para os filhotes.
É importante testar os animais para essa doença antes de proceder com a
vacinação e somente vacinar animais que estejam em real risco de contaminação.
Um dos motivos são os riscos e efeitos colaterais que a vacina (quíntupla)
desenvolve nesses animais.
E para finalizar:
Não existe um único
protocolo vacinal ou uma receita que deve ser seguida para em todos os animais.
Sobre a raiva, que nem discutimos nesse post, é exigência
do ministério da saúde e agricultura que os animais sejam revacinados
anualmente, por isso não vamos discutir o que é lei.
Sobre quando iniciar o esquema vacinal, também deve ser determinado o histórico
de amamentação do filhote e a quais doenças o animal poderá ser exposto para
somente assim decidir qual vacina e quantas doses devem ser realizadas.
Além disso, somente animais saudáveis devem receber a vacinação: a
maioria das vacinas são produzidas com vírus mortos que necessitam de um
adjuvante para estimular o inicio da resposta imune vacinal. Portanto se o gato
apresenta qualquer doença concomitante, infestação de parasitas (pulgas,
vermes) ele não vai responder adequadamente a vacinação.Uma vacina mal aplicada ou em momento errado pode fazer com que o animal fique doente ou mesmo venha a óbito!
Ainda sobre a polemica questão sobre se os animais devem realmente ser vacinados anualmente: A minha opinião é de que somente temos o controle dos
produtos que estão dentro das nossas clinicas sob a nossa supervisão de
armazenamento e temperatura. Desde a saída do distribuidor da vacina até a
chegada ao consultório, tempo e temperatura adequada de conservação não se tem
controle ou mesmo fiscalização. Além disso, o estado de saúde do animal exame
clinico prévio e modo de aplicação interferem, e muito! na resposta do animal a
vacinação.
Em nosso pais é falha a fiscalização, onde “qualquer um” aplica vacina
em qualquer lugar, de qualquer jeito e em qualquer balcão. Portanto se “vacina muito” para garantir que uma dose ao
menos seja efetiva.
É um desabafo de quem leva a saúde dos animais a serio e minha opinião!
Se o animal é tratado como um membro da família, ele deve e merece ser atendido
por um médico de verdade!
Imagens fonte: AUGUST, J.R.; BAHR, A. Calicivirus: Spectrum of disease. In: AUGUST, J.R. Consultations in feline internal medicine. Elsevier
Inc. 2006, 5 ed, p. 3-9.
Por: M.V. Vanessa Zimbres
CRMV/SP 19.672
Graduada pela Universidade Federal de Uberlândia/ MG - 2005
Especializada em Medicina Felina pela Anclivepa/SP - Universidade Anhembi Morumbi - 2009
Especializada em Medicina Felina pelo Instituto Qualittas Campinas / SP - 2015
Sócia proprietária da Clinica de Medicina Felina Gato é Gente Boa! em Itu/SP
Os carcinomas epidermóides, carcinoma das células escamosas ou carcinoma espinocelular são as neoplasias malignas cutânea mais comum em gatos, tendo uma prevalência de 9 a 25% de todas as neoplasias cutâneas e 70% das neoplasias orais nesta espécie. São encontrados com maior freqüência em animais idosos (acima de 10 anos) e não há predisposição sexual, atingindo machos e fêmeas na mesma proporção.
O carcinoma epidermóide é um câncer que se origina nas células escamosas da epiderme (pele superficial), mas que podem se tornar invasivos atingindo regiões abaixo da derme e subcutâneo. Apesar de ser uma neoplasia maligna, apresenta baixo potencial metastático.
A exposição prolongada a raios solares é um dos principais fatores desencadeantes deste tipo de carcinoma em especial em pele clara, isso porque a radiação ultravioleta B tem a capacidade de ser oncogênica e imunossupressora, pois reduz a efetividade das defesas imunológicas locais.
Normalmente se iniciam como um carcinoma in situ (bem localizado) e traumas repetidos por arranhaduras ou lambeduras, característicos dos atos de higienização dos gatos, levam o câncer a aumentar de tamanho e invadir tecido adjacente. Notam-se lesões proliferativas, crostosas e/ou ulcerativas que podem sangrar facilmente.
Nos gatos, os tumores atingem mais freqüentemente a pele da cabeça como plano nasal, lábios (superior e inferior), pavilhão auricular, nariz e/ou pálpebras e áreas despigmentadas ou desprotegida de pêlos. Lesões bilaterais ou múltiplas são incomuns e o desenvolvimento destas são normalmente lentas. Nem todas as lesões tornam-se invasivas e nem são necessariamente induzidas somente por radiação solar, entretanto gatos brancos tem uma predisposição 14 x maior de desenvolver esse tipo de tumor, o que não significa que animais de pele escura também não o desenvolvam.
Outros locais comuns de aparecimento de carcinoma epidermoide são nos dígitos e, neste caso, o potencial de desenvolver metástase é maior.
O diagnóstico definitivo pode e deve ser feito somente através da citopatogia e histopatogia de pele.
Sinais Clínicos:
É uma neoplasia caracterizada por úlcera profunda coberta por crostas, facilmente confundida com lesões por brigas ou outras dermatopatias. Quando a lesão se inicia nas pontas das orelhas apresentam característica eritematosa com formação de escamas e crostas (FIGURAS 1:1 a 1:5). Nas pálpebras as formações eritematosas se tornam erosivas (FIGURA 2:1) A apresentaçao gengival do carcinoma epidermoide pode surgir em qualquer local da arcada dentaria superior ou inferior. O tumor geralmente origina na margem da gengiva e o crescimento invasivo tende a destruir o tecido periodontal levando a perda de dentes. Esses tumores são geralmente friáveis de aparência irregular, proliferativa ou ulcerativa, hemorrágicos e infecções bacterianas secundarias são freqüentes. Invasão e destruição do osso adjacente podem ocorrer em cerca de 70% dos casos.
Figura 1:1 - Keratose actinica na orelha esquerda e carcinoma epidermóide na orelha direita.
Figura 1:2 e 1:3 - Carcinoma epidermóide, notar as lesões crostosas.
Figura 1:4 - Estagio inicial de carcinoma epidermoide em pina.
Figura 1:5 - Mesmo animal da figura anterior com ferida já em estágio avançado
Figura 2:1 - Carcinoma epidermoide em palpebras. Figura 3:1 Carcinoma epidermoide em plano nasal
Desenvolvimento e prognóstico:
Após o período de crescimento o tumor tende a invadir a derme profunda. Metastase é incomum, mas pode ocorrer através de invasão em linfonodos e, pela via linfática, ser transportado lentamente a outros órgãos.
Como dito, o diagnostico definitivo é obtido através de histopatologia (biopsia). E somente com esta é que se pode caracterizar o grau de diferenciação do tumor, avaliar o potencial metastático e dar o prognóstico da doença.
É extremamente importante a realização de exames complementares principalmente das lesões para que cuidadosamente excluam-se outras possíveis dermatopatias (FIGURAS 4:1 a 5:1), que apresentam sinais clínicos muito semelhantes. Todas as lesões de pele, desde uma arranhadura até uma ferida, que demoram para cicatrizar devem ser investigadas pois, como demonstrado a seguir, diversas lesões de pele tem aparência semelhante porém diagnósticos e tratamentos completamente diferentes, podendo inclusive, ate se tratarem de zoonoses ou seja, pode afetar as pessoas e outros animais.
O diagnostico diferencial deve incluir:
Micoses sub cutâneas (criptococcose; esporiotricose) (FIGURAS 4:1 a 4:6)
Figura 4:1 - Ulcera perinasal causada por Cryptococcus neoformans (micose)
Figura 4:2 - Ulcera nasal por criptococcose
Figura 4:3 - Nodulo ulcerado em regiao pretemporal causada por criptococcose. Figura 4:4 - Mesmo animal da figura anterior após 2 meses de evoluçao da doença sem tratamento. Notar a semelhança da lesão por carcinomas.
FIGURA 4:5 e 4:6 - Ferida por esporiotricose (Micose)
Figura 5:1 - Granuloma eosinofilico (auto imune)
Tratamento:
Uma ampla excisão cirúrgica é o tratamento de escolha e apresenta bom prognostico, entretanto pode não ser possível a realização desta devido ao tamanho e localização do tumor. Quando localizados nas pontas das orelhas indica-se conchectomia ou seja, o corte das orelhas, que apresenta boa margem cirúrgica e bom prognóstico (FIGURAS 6:1 e 6:2) , mas quando o carcinoma invade a gengiva por exemplo o tratamento deve priorizar a retirada cirúrgica da lesão primaria enquanto pequena mas, uma vez que haja invasão ou destruição óssea, uma mandibulectomia ou maxilectomia (retirada do osso ma mandíbula ou maxila afetada) deve ser considerada porém, devido a extensão da cirurgia e grau de invasão de tecido, o prognostico é pior.
Infelizmente na maioria dos casos, quando diagnosticado o tumor, este já invadiu a parte óssea e pouco pode ser realizado. Nestes casos indica-se terapias alternativas como retirada do maior que for possivel do câncer associado a crioterapia ou quimioterapia, sendo esta ultima, mais indicada quando o uso do quimioterápico é intralesional (diretamente na lesão) e mesmo assim não tem-se descrito resultados satisfatórios. Outra terapia disponível, mas ainda não é uma realidade em nosso país, é o uso da radioterapia que tem obtido resultados consideráveis, entretanto somente como controle da lesão e nunca curativo. A quimioterapia isolada não apresenta bons resultados.
Cabe ao médico veterinário após diagnosticar a doença, expor ao proprietário do animal a gravidade da lesão e as terapias disponíveis sem nunca se esquecer de avaliar o bem estar e qualidade de vida do paciente. O proprietário deve estar ciente de que o tratamento na maioria dos casos é somente paliativo e neste período o animal deve ter uma sobrevida boa e sem dor.
A decisão em adotar ou não uma terapia deve sempre levar em conta e, mais do que isso, priorizar o bem estar do animal.
Figuras 6:1 e 6:2 - Animal após conchectomia bilateral para retirada de carcinoma epidermóide em pina com boa margem cirurgica.